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11.2.15

KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes.

FUNDAMENTAÇÃO DA METAFÍSICA DOS COSTUMES

Immanuel Kant

3 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
2. Outro homem é impelido pela necessidade a pedir dinheiro emprestado. Sabe que não poderá restituí-lo, mas sabe igualmente que nada lhe será emprestado se não tomar o sério compromisso de satisfazer a dívida dentro de determinado prazo. Sente vontade de fazer essa promessa, mas tem ainda bastante consciência para a si mesmo perguntar se não será proibido e contrário ao dever tentar safar-se da necessidade por meio de tal expediente. Supondo que tome esta decisão, a máxima de sua ação significaria isto: quando penso estar falto de dinheiro, peço emprestado, prometendo restituí-lo, embora saiba que nunca o farei. Ora, é bem possível que este princípio do amor de si ou da utilidade própria se prenda com todo o meu bem-estar futuro, mas, de momento, a questão consiste em saber se isso é justo. Transformo, pois, a exigência do amor de si em lei universal, e ponho a questão seguinte: que sucederia se minha máxima se convertesse em lei universal ? Ora, imediatamente vejo que ela nunca poderia valer como lei universal da natureza e estar de acordo consigo mesma, mas que deveria necessariamente contradizer-se.

3 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
Más não logramos ainda demonstrar a priori que um tal imperativo existe realmente, que existe uma lei prática que comanda absolutamente por si mesma, sem qualquer móbil que a solicite, e que a obediência a esta lei é o dever. Para chegarmos a tal resultado, é da mais alta importância ter sempre presente esta advertência: não se pense, de maneira nenhuma, em querer derivar da constituição peculiar da natureza humana a realidade deste princípio.

3 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
aquele que usurpa os direitos dos outros homens tem a intenção de servir-se da pessoa de outrem, unicamente como de meio, sem considerar que os outros, como seres racionais, devem ser sempre considerados ao mesmo tempo como fins, ou seja, apenas como seres que devem poder conter também em si mesmos o fim desta mesma ação(*).

3 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
A inteligência, o dom de apreender as semelhanças das coisas, a faculdade de julgar e os demais talentos do espírito, seja qual for o nome que se lhes dê, ou a coragem, a decisão, a perseverança nos propósitos, como qualidades do temperamento, são sem dúvida, sob múltiplos respeitos, coisas boas e apetecíveis; podem entanto estes dons da natureza tornar-se extremamente maus e prejudiciais se não for boa vontade que deles deve servir-se e cuja especial disposição se denomina caráter.

26 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
a riqueza, a honra, a própria saúde e o completo bem-estar e satisfação do próprio estado, em resumo o que se chama felicidade, geram uma confiança em si mesmo que muitas vezes se converte em presunção, quando falta a boa vontade para moderar e fazer convergir para fins universais tanto a imprudência que tais dons exercem sobre a alma como também o princípio da ação.

26 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
Não é possível conceber coisa alguma no mundo, ou mesmo fora do mundo, que sem restrição possa ser considerada boa, a não ser uma só: uma boa vontade.

10 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
A moderação nos afetos e paixões, o domínio de si e a calma reflexão, não são apenas bons sob múltiplos aspectos, mas parece constituírem até uma parte do valor intrínseco da pessoa; falta contudo ainda muito para que sem restrição possam ser considerados bons (a despeito do valor incondicionado que os antigos lhes atribuíam). Sem os princípios de uma boa vontade podem tais qualidades tornar-se extremamente más: por exemplo, o sangue frio de um celerado não só o torna muito mais perigoso, como também, a nossos olhos, muito mais detestável do que o teríamos julgado sem ele.

26 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
Mesmo quando, por singular adversidade do destino ou por avara dotação de uma natureza madrasta, essa vontade fosse completamente desprovida do poder de levar a bom termo seus propósitos; admitindo até que seus esforços mais tenazes permanecessem estéreis; na hipótese mesmo de que nada mais restasse do que a só boa vontade (entendendo por esta não um mero desejo, mas o apelo a todos os meios que estão ao nosso alcance), ela nem por isso deixaria de refulgir como pedra preciosa dotada de brilho próprio, como alguma coisa que em si possui valor.

10 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
A utilidade ou inutilidade em nada logra aumentar ou diminuir esse valor.

10 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
Na constituição natural de um ser organizado, ou seja, de um ser constituído em vista da vida, assentamos como princípio fundamental que não existe órgão destinado a uma função, que não seja igualmente o mais próprio e adaptado a essa função. Ora, se num ser prendado de razão e de vontade a natureza tivesse como fim peculiar a sua conservação, o seu bem-estar, numa palavra, a sua felicidade, devemos confessar que ela teria tomado muito mal suas precauções, escolhendo a razão desse ser como executora de sua intenção.

26 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
comparando-se com a categoria de homens inferiores, que de preferência se deixam guiar pelo instinto, nem concedem à razão senão diminuta influência sobre seu procedimento, acabam por sentir mais inveja do que desprezo deles.

26 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
a razão nos foi outorgada como potência prática; isto é, como potência que deve exercer influência sobre a vontade, é mister que sua verdadeira destinação seja produzir uma vontade boa, não como meio para conseguir qualquer outro fim, mas boa em si mesma;

26 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
manifestamente conforme com o dever que o comerciante não peça um preço demasiado elevado a um comprador inexperiente, e, mesmo quando o comércio é intenso, o comerciante hábil não procede desse modo; mantém, pelo contrário, um preço fixo igual para todos, de sorte que uma criança lhe pode comprar uma coisa pelo mesmo preço que qualquer outro cliente. As pessoas são pois servidas lealmente; mas isso não basta para crer que o negociante procedeu assim por dever ou por princípios de probidade; movia-o o interesse; e não se pode supor neste caso que ele tivesse, além disso, uma inclinação imediata para com seus clientes, que o induzisse a fazer, por amor, preços mais convenientes a um do que a outro. Eis aí uma ação cumprida não por dever, nem por inclinação imediata, mas tão-somente por cálculo interesseiro.

26 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
Por exemplo, (...) se contrariedades ou uma dor sem esperança tiraram a um homem todo o prazer da vida, se o infeliz, de ânimo forte, se sente mais enojado de sua sorte que descoroçoado ou abatido, se deseja a morte e, no entanto, conserva a vida sem a amar, não por inclinação ou temor mas por dever, então sua máxima comporta valor moral.

10 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
pois à máxima da ação falta o valor moral, que só está presente quando as ações são praticadas, não por inclinação, mas por dever. Imaginemos pois a alma deste filantropo anuviada por um daqueles desgostos pessoais que sufocam toda simpatia para com a sorte alheia; que ele tenha ainda a possibilidade de minorar os males de outros desgraçados, sem que todavia se sinta comovido com os sofrimentos deles, por se encontrar demasiado absorvido pelos seus próprios; e que, nestas condições, sem ser induzido por nenhuma inclinação, se arranca a essa extrema insensibilidade e age, não por inclinação, mas só por dever: só nesse caso seu ato possui verdadeiro valor moral.

27 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
assegurar a própria felicidade é um dever (ao menos, indireto) porque o não estar satisfeito com o seu estado, o viver oprimido por inumeráveis preocupações e no meio de necessidades não preenchidas pode muito facilmente converter-se em grande tentação de infringir seus deveres.

10 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
Ser benfazejo, quando se pode, é um dever; contudo há certas almas tão propensas à simpatia que, sem motivo de vaidade ou de interesse, experimentam viva satisfação em difundir em volta de si a alegria e se comprazem em ver os outros felizes, na medida em que isso é obra delas. Mas afirmo que, em tal caso, semelhante ação, por conforme ao dever e por amável que seja, não possui valor moral verdadeiro; é simplesmente concomitante com outras inclinações, por exemplo, com o amor da glória

27 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
Assim devem, sem dúvida, ser compreendidos também os passos da Escritura, onde se ordena amar o próximo e ate os inimigos. Com efeito, o amor, como inclinação, não pode ser comandado; mas praticar o bem por dever, quando nenhuma inclinação a isso nos incita, ou quando uma aversão natural e invencível se opõe, eis um amor prático e não patológico, que reside na vontade, e não na tendência da sensibilidade, nos princípios da ação, e não numa compaixão emoliente. Ora, é este único amor que pode ser comandado.

27 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
o dever é a necessidade de cumprir uma ação pelo respeito à lei.

27 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
o valor moral da ação não reside no efeito que dela se espera.

27 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
devo portar-me sempre de modo que eu possa também querer que minha máxima se torne em lei universal.

27 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
Não oferece dificuldade distinguir os dois sentidos que a questão pode comportar, consoante se deseja saber se é prudente, ou se é conforme ao dever, fazer uma promessa falsa. Sem dúvida que muitas vezes pode ser prudente; mas é claro que não basta safar-me, mercê deste expediente, de um embaraço presente; devo ainda examinar com cuidado se dessa mentira não me redundarão, no futuro, aborrecimentos muito mais graves do que aqueles de que me liberto neste momento; e como, a despeito de toda minha sagacidade, não são fáceis de prever as conseqüências de meu ato, devo recear que a perda de confiança por parte de outrem me acarrete maiores prejuízos que todo o mal que neste momento penso evitar.

27 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
Mesmo que me faleça a experiência das coisas do mundo, e me sinta incapaz de enfrentar todos os acontecimentos que nele se produzem, basta que a mim próprio pergunte: Podes querer que também tua máxima se converta em lei universal ? Se isso não for possível, deve a máxima ser rejeitada, porque ela não pode ser admitida como princípio de uma possível legislação universal.

27 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
Esplêndida coisa é a inocência; mas é para lamentar que ela não saiba preservar-se e que se deixe seduzir com tanta facilidade.

30 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
Ora, quando se trata de valor moral, o que importa não são as ações exteriores que se vêem, mas os princípios internos da ação, que se não vêem.

30 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
o que importa não é saber se este ou aquele ato se verificou mas sim que a razão por si mesma, e independentemente de todos os fenômenos, ordena o que eleve acontecer;

30 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
os princípios morais não devem ser fundados sobre as propriedades da natureza humana, mas devem existir por si mesmos a priori; e que de tais princípios é que devem ser derivadas regras práticas válidas para toda natureza racional, e portanto também para a natureza humana.

30 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
uma doutrina moral bastarda e confusa, formada de impulsos derivados de sentimentos e de inclinações, e ao mesmo tempo de conceitos da razão, torna necessariamente o espírito hesitante entre motivos de ação irredutíveis a qualquer princípio, e que só por acaso podem guiar ao bem, mas muitas vezes também podem conduzir ao mal.

30 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
Todas as coisas na natureza operam segundo leis. Apenas um ser racional possui a faculdade de agir segundo a representação das leis, isto é, segundo princípios, ou, por outras palavras, só ele possui uma vontade. E, uma vez que para das leis derivar as ações é necessária a razão, a vontade outra coisa não é senão a razão prática.

30 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
Os imperativos hipotéticos representam a necessidade de uma ação possível, como meio para alcançar alguma outra coisa que se pretende (ou que, pelo menos, é possível que se pretenda)

30 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
O imperativo categórico seria aquele que representa uma ação como necessária por si mesma, sem relação com nenhum outro escopo, como objetivamente necessária.

30 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
Ora, quando a ação não é boa senão como meio de obter alguma outra coisa , o imperativo é hipotético; mas, quando a ação é representada como boa em si, e portanto como necessária numa vontade conforme em si mesma a razão considerada como princípio do querer, então o imperativo é categórico.

30 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
O imperativo hipotético significa, portanto, apenas, que a ação é boa com relação a um escopo possível ou real.

30 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
As prescrições que um médico segue para curar radicalmente o seu enfermo, e as do envenenador para o matar seguramente, têm igual valor, na medida em que umas e outras servem para realizar perfeitamente o escopo que se tem em vista.

30 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
o conceito da felicidade é conceito tão indeterminado que, não obstante o desejo de todo homem de ser feliz, ninguém todavia consegue dizer em termos precisos e coerentes o que verdadeiramente deseja e quer. A razão disso é que os elementos que integram o conceito da felicidade são todos quantos empíricos, isto é, devem ser extraídos da experiência.

30 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
Ora, é impossível que um ser, embora imensamente perspicaz e, ao mesmo tempo potentíssimo, mas finito, faça uma ideia determinada daquilo que verdadeiramente quer. Quer ele riqueza? Que de preocupações, invejas, ciladas não vai atrair sobre si! Quer maior soma de conhecimentos e de ilustração? Talvez isso lhe aumente o poder de penetração e a perspicácia do olhar, lhe revele de maneira ainda mais terrível os males que por ora lhe estão ocultos e que não podem ser evitados ou incremente a exigência de seus desejos que muito a custo consegue satisfazer. Quer vida longa? E quem lhe afiança que ela não se converteria em longo sofrimento?

30 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
Em suma, ele é incapaz de determinar com plena certeza, segundo qualquer princípio, o que o tornará verdadeiramente feliz, pois para tal precisaria de ser onisciente.

30 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
Portanto, para ser feliz, não é possível agir segundo princípios determinados, mas apenas segundo conselhos empíricos que recomendam, por exemplo, um regime dietético, a economia, a delicadeza, a reserva, etc, coisas estas que, de acordo com os ensinamentos da experiência, contribuem em tese, para o bem-estar.

30 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
O problema de determinar, de maneira certa e geral, quais as ações capazes de favorecer a felicidade de um ser racional é problema, de fato, insolúvel e, por conseguinte, relativamente a ele não há imperativo capaz de ordenar no sentido rigoroso da palavra que se faça aquilo que dá a felicidade, porque a felicidade é um ideal, não da razão, mas da imaginação.

30 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
O imperativo categórico é, pois, um só e precisamente este: Procede apenas segundo aquela máxima, em virtude da qual podes querer ao mesmo tempo que ela se tome em lei universal.

30 de janeiro de 2015
PREFÁCIO
o imperativo universal do dever pode ainda ser expresso nos termos seguintes: Procede como se a máxima de tua ação devesse ser erigida, por tua vontade, em lei universal

3 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
1. Um homem, por uma série de males que o levaram ao desespero, sente grande nojo de viver, muito embora mantenha o suficiente domínio de si para se perguntar se o atentar contra a própria vida não constitui uma violação do dever para consigo mesmo. Procura então averiguar se a máxima de sua ação pode converter-se em lei universal da natureza. Sua máxima seria esta: "por amor de mim mesmo, estabeleço o princípio de poder abreviar minha existência, se vir que, prolongando-a, tenho mais males que temer do que satisfações que esperar dela". A questão agora está apenas em saber se tal princípio do amor de si pode ser erigido em lei universal da natureza. Mas imediatamente se vê que uma natureza cuja lei fosse destruir a vida, em virtude justamente daquele sentimento que tem por função peculiar estimular a conservação da vida, estaria em contradição consigo mesma e não poderia subsistir como natureza. Conseguintemente, esta máxima não pode, por forma alguma, ocupar o posto de lei universal da natureza, e por tal motivo é inteiramente contrária ao princípio supremo de todo dever.

3 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
3. Um terceiro sente-se dotado de aptidões que, devidamente cultivadas, poderiam fazer dele um homem útil sob múltiplos aspectos. Mas, encontrando-se bem instalado na vida, prefere entregar-se a uma existência de prazer do que esforçar-se por ampliar e aperfeiçoar suas boas disposições naturais. Contudo, ele pergunta a si mesmo se a sua máxima "descurar os dons naturais", além de concordar com sua tendência para o prazer, concorda também com o que se chama o dever. Ora, ele vê bem que, sem dúvida, uma natureza que tivesse uma lei universal deste gênero poderia subsistir, mesmo que o homem (como o indígena insular do Mar do Sul) deixasse enferrujar seus talentos e não pensasse senão em aplicar sua vida ao ócio, ao prazer, à propagação da espécie, numa palavra, ao gozo; mas ele não pode absolutamente querer que isto se converta em lei universal da natureza, ou que seja inato em nós como instinto natural. Como ser racional, ele quer necessariamente que todas as suas faculdades atinjam seu pleno desenvolvimento, visto que lhe são de utilidade e lhe foram dadas para toda espécie de fins possíveis.

Questão: Dentro dessa lógica, então Kant em seu tempo seria contrário ao relacionamento homoafetivo uma vez que, tornado lei universal, significaria a extinção da espécie?

3 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
A questão, que se põe é, pois, a seguinte: será uma lei necessária para todos os seres racionais julgar sempre suas ações segundo máximas tais que possam eles mesmos querer erigi-las em leis universais?

3 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
A vontade é concebida como faculdade de se determinar a si mesma a agir conforme a representação de certas leis. E tal faculdade só se pode encontrar num ser racional.

3 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
O imperativo prático será, pois, o seguinte: Procede de maneira que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de todos os outros, sempre ao mesmo tempo como fim, e nunca como puro meio.

3 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
A natureza racional existe como fim em si mesma.

3 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
no concernente ao dever meritório para com outrem, o fim natural, comum a todos os homens, é a sua própria felicidade. Ora, certamente que a humanidade poderia subsistir, mesmo quando ninguém contribuísse em coisa alguma para a felicidade alheia, abstendo-se entanto de prejudicar os outros deliberadamente; isso seria tão-somente um acordo negativo, não positivo, com a humanidade como fim em si, se cada qual não procurasse outrossim favorecer, na medida de suas posses, os fins dos outros. Pois, sendo o sujeito fim em si mesmo, é mister que os seus fins sejam também, tanto quanto possível, meus fins, se quero que a idéia de tal finalidade produza em mim toda eficácia.

3 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
o terceiro princípio prático da vontade, como condição suprema de seu acordo com a razão prática universal, o mesmo é dizer, a ideia da vontade de todo ser racional considerada como vontade promulgadora de uma legislação universal.

9 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
todo ser racional deve considerar-se como fundador de uma legislação universal por meio de todas as máximas de sua vontade, de sorte que possa julgar-se a si mesmo e a suas ações sob este ponto de vista

9 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
A autonomia é, pois, o princípio da dignidade da natureza humana, bem como de toda natureza racional.

9 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
conceito de uma vontade incondicionalmente boa. É absolutamente boa a vontade que não pode ser má, portanto aquela vontade, cuja máxima, quando convertida em lei universal, não pode contradizer-se a si mesma.

9 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
A moralidade é, pois, a relação das ações com a autonomia da vontade,

9 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
A vontade cujas máximas concordam necessariamente com as leis da autonomia é uma vontade santa, isto é, absolutamente boa.

9 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
A necessidade objetiva de um ato, em virtude da obrigação, é o dever.

9 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
Procede como se tua máxima devesse servir ao mesmo tempo de lei universal (para todos os seres racionais).

9 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
a dignidade da humanidade consiste precisamente na aptidão que ela possui para estatuir leis universais, embora com a condição de simultaneamente estar sujeita a esta legislação.

9 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
O imperativo categórico deve pois abstrair de todo objeto, de maneira que este não exerça nenhum influxo sobre a vontade.

9 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
o imperativo moral, por conseguinte categórico, diz: devo proceder deste ou daquele modo, embora não queira nenhuma outra coisa. Por exemplo, segundo o primeiro imperativo, diremos: não devo mentir, se quero continuar sendo tido como pessoa honrada; de acordo com o segundo imperativo, diremos: não devo mentir, embora da mentira não me advenha a menor ignomínia.

9 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
O conceito da liberdade é a chave da explicação da autonomia da vontade. A vontade é uma espécie de causalidade dos seres viventes, enquanto dotados de razão, e a liberdade seria a propriedade que esta causalidade possuiria de poder agir independentemente de causas estranhas que a determinam; assim como a necessidade natural é a propriedade que tem a causalidade de todos os seres desprovidos de razão, de serem determinados a agir sob a influência de causas estranhas.

10 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
A liberdade deve ser suposta como propriedade da vontade de todos os seres racionais.

10 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
Todo o ser que não pode agir de outra maneira senão sob a ideia da liberdade é, por isso mesmo, do ponto de vista prático, realmente livre.

10 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
Nós, a despeito dos maiores esforços de atenção e de toda a clareza que o intelecto pode acrescentar, não podemos obter senão o conhecimento dos fenômenos, e nunca o das coisas em si.

10 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
O próprio homem, segundo o conhecimento que tem de si pelo senso íntimo, não pode gloriar-se do conhecer-se como é em si mesmo. Com efeito, como ele de nenhuma maneira se produz a si mesmo, nem recebe o conceito que tem de si a priori, mas empiricamente, é natural que não possa igualmente adquirir conhecimento de si mesmo senão pelo senso íntimo, isto é, somente mediante a aparência fenomenal de sua natureza e pelo modo como sua consciência é afetada.

10 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
Não existe ninguém, nem sequer o pior celerado, contanto que esteja habituado a servir-se da razão, que, ao lhe serem apresentados exemplos de lealdade nas intenções, de perseverança na observância de máximas boas, de simpatia e de benevolência universal (tudo isto ligado ainda a grandes sacrifícios de vantagens e de bem-estar), não deseje sentir-se também ele possuído de tais sentimentos.

(Erro! Na minha opinião, a vontade de competição no homem é maior que a vontade de simpatia e benevolência, ainda mais a custo de grandes sacrifícios).

10 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
Mostra, por essa forma, que, com uma vontade imune dos impulsos da sensibilidade, ele se transporta com o pensamento a uma ordem de coisas inteiramente diversa daquela que constitui seus desejos no campo da sensibilidade;

10 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
só enquanto inteligência ele é o verdadeiro eu (ao passo que, enquanto homem, ele é só fenômeno de si próprio)

10 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
o homem se atribui uma vontade que não consente em pôr no seu ativo coisa alguma do que pertença unicamente a seus desejos e inclinações, e que, ao invés, concebe como possíveis para ela, ou melhor, como necessárias, ações que não podem ser executadas senão mediante uma renúncia a todos os desejos e incitamentos sensíveis

10 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
vontade, isto é, à faculdade de agir de tal sorte que o princípio das ações seja conforme ao caráter essencial de uma causa racional, ou seja, à condição que a máxima erigida em lei seja universalmente válida.

10 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
Para que um ser que é, a um tempo, racional e afetado pela sensibilidade, queira o que só a razão prescreve como dever, é preciso que a razão tenha a faculdade de lhe inspirar um sentimento de prazer ou de satisfação pelo cumprimento do dever, e, conseguintemente, uma causalidade, pela qual determine a sensibilidade conformemente a seus princípios.

10 de fevereiro de 2015
PREFÁCIO
a moralidade apresenta interesse, porque tem valor para nós enquanto homens, porque deriva de nossa vontade, concebida como inteligência, portanto do nosso verdadeiro eu;

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