Capítulo 1:
Investir ou não investir, eis a questão
Quando perceber que, em determinado momento, você
está ganhando mais com seus investimentos do que com o seu trabalho, você já
pode se considerar, de certa forma, uma pessoa livre – já que poderia, na
teoria, deixar seu trabalho e continuar a receber o suficiente para se manter.
A aposentadoria seria, independentemente da idade,
o momento em que você conseguisse o dobro de suas despesas mensais como
rendimento de seus investimentos.
Ativos e passivos em finanças pessoais: uma noção
imprescindível para você fazer escolhas conscientes.
Segundo a contabilidade, ativo é todo bem ou
direito de alguém, enquanto as obrigações compõem o passivo dessa pessoa.
Para as finanças pessoais, entretanto, ativo é tudo aquilo que coloca
dinheiro no seu bolso, ou seja, gera um fluxo de caixa positivo para você
(dinheiro entrando na sua conta – como os investimentos, um negócio, seu
trabalho, etc.). Passivo, por sua vez, é tudo aquilo que tira dinheiro de seu
bolso (como uma conta ou uma dívida). Logo, vemos que vários bens que a
contabilidade encara como ativos são, na verdade, passivos para as finanças
pessoais.
Se uma pessoa consegue entender muito bem essa
diferença terá todas as condições de não se envolver em uma das maiores
armadilhas da vida: a ascensão social e a explosão do endividamento.
Os luxos que geram despesas periódicas (como quotas
de clubes, sítios, casas de campo ou de praia, celulares, contratação de
funcionários domésticos, etc.) são verdadeiros passivos consumidores de sua
renda
Você já parou para pensar no custo anual de um
carro de preço aproximado R$50.000,00? Verifique na tabela abaixo que é bem
razoável supor gastos da ordem de 40% do valor do automóvel, por ano – sendo
que esse percentual não varia muito em comparação com veículos de outros
valores. Despesa por ano: valores estimados: IPVA, Seguro Obrigatório e
outras taxas: R$ 2.000,00 Seguro automotivo: R$ 1.500,00 Manutenção (troca de
óleo, pneus, pastilhas de freio, revisões, etc.) R$ 2.000,00 Depreciação (perda
de valor de mercado anual) R$ 5.000,00 Custo de oportunidade (quanto você
poderia ganhar se investisse o valor do carro em um investimento conservador)
R$ 6.500,00 Gasolina e conservação (lavar o carro, pequenos arranhões, multas,
etc.) R$ 3.000,00 Total: R$ 20.000,00
Não há como investir e formar patrimônio se você
tem dívidas. A primeira coisa que precisa ser dita clara e diretamente é
que você não pode investir se tiver qualquer dívida. O primeiro passo para
investir é estabilizar sua vida financeira e fazer sobrar o dinheiro dos
investimentos todos os meses.
Em primeiro lugar, você deve considerar o dinheiro
para seus investimentos como uma conta como outra qualquer que você teria que
pagar.
Caso você perceba que está “sobrando”
aproximadamente R$500,00 por mês para investir, no início do próximo mês
realize um investimento de R$600,00 com uma segunda meta de ainda sobrar algum
dinheiro ao fim do mês e incrementar esse valor inicial.
Vá aumentando o valor mensal de investimentos até
chegar a um valor razoável (no mínimo 30% dos seu salário). Você verá que, em
muito pouco tempo, você estará ganhando mais dinheiro sem fazer nada (a partir
dos rendimentos dos seus investimentos) do que trabalhando.
Um justo meio entre poupar e viver a vida – a
questão do consumismo:
·
apenas aproveita a vida – e toda ela – quem
possui independência financeira.
·
investir não significa deixar de aproveitar a
vida, mas eleger prioridades.
·
Não existe pequeno investimento:
·
JAMAIS deixe de poupar por achar que é muito
pouco.
Capítulo 2: Primeiros
passos para se tornar um investidor
Abrindo sua conta em uma corretora de valores:
Na maioria das vezes, os investimentos feitos nos
Bancos servem exclusivamente para gerar lucros exorbitantes ao banco – e não a
você.
Você não pode jogar fora as rentabilidades do seu
suado dinheiro em benefício do banco.
Assim, abrir uma conta em corretora de valores é
fundamental – ainda que você não queira operar com ações ou outros produtos
mais sofisticados. Mesmo com produtos bancários simples (como os CDBs –
Certificados de Depósitos Bancários – que veremos posteriormente no livro – ou
outros), as pessoas que possuem conta em corretoras podem escolher, com o mesmo
risco, com taxas e custos muito melhores.
Uma boa forma de você começar a selecionar sua
corretora é ir ao link público do tesouro que indica as corretoras habilitadas
a negociar os títulos federais e conferir as taxas cobradas. Além disso, no
referido site há o contato das instituições e seu ranking.
Selo CETIP certifica: um diferencial que pode ser
levado em conta no momento da escolha da corretora de valores é o fato dela ser
certificada pela CETIP (selo “CETIP certifica”). Trata-se de um selo de
qualidade fornecido pela Central de Custódia e de Liquidação Financeira de
Títulos – CETIP – que, atualmente, em conglomerado com a BM&FBovespa – é o
principal entidade de registro de títulos privados do Brasil.
Como investidor amador, você deve estudar apenas o
suficiente para saber as características essenciais para uma tomada de decisão
consciente e revisar suas convicções esporadicamente.
Seu maior objetivo será seguir os princípios
expostos a seguir como forma de, no longo prazo, evitar perdas em seu
patrimônio com uma rentabilidade razoável (e não impressionante) ao longo do
tempo.
Controle de risco:
Você deve colocar, no máximo, quantias equivalentes
a menos de 5% de seu patrimônio total em investimentos de risco especulativo.
Diversificação: o investidor amador tem como
principal remédio contra o risco de perder quantia relevante de seu patrimônio
a diversificação.
Invista o dinheiro novo e não desinvista seu
dinheiro: sempre que você tira seu dinheiro de alguma aplicação antes do
vencimento você perde dinheiro.
Só desinvista seu dinheiro antes do fim do prazo em
último caso (emergências) ou nas hipóteses que você perceba que o investimento
perdeu o valor como parte de seu patrimônio.
Você nunca deve vender um imóvel por que seu valor
subiu e você quer reinvestir o dinheiro (ou simplesmente porque há outros
produtos que estão valorizando mais do que os imóveis). Você só deve vender seu
imóvel se ele deixou de ser um “valor” em seu patrimônio, como no caso do
levantamento de uma favela vizinha. Nessa hipótese, seu investimento perdeu o
valor pois a tendência é do preço do imóvel cair cada vez mais e os aluguéis
ficarem cada vez mais reduzidos – não havendo perspectivas claras de melhora da
situação.
Sempre haverá alguns de seus investimentos rendendo
bem e outros nem tanto. Todos, entretanto, devem ter um valor intrínseco
preservado
Noções mínimas de macroeconomia:
O primeiro ponto que o investidor deve tomar
conhecimento, refere-se à taxa SELIC.
A taxa Selic é definida através de uma decisão do
COPOM (comitê de política monetária do Banco Central do Brasil) em uma
reunião realizada a cada 45 dias aproximadamente.
Essa taxa é chamada de taxa básica de juros da
economia por se tratar, em teoria, dos juros com o menor risco atrelado – já
que são relativos aos empréstimos realizados com o tesouro nacional.
Explicando melhor. Suponha que houve uma reunião do
COPOM em que o comitê do BACEN decidiu por estipular a SELIC em 14% ao ano.
Isso significa que os empréstimos que o tesouro nacional faz com o mercado vão
pagar, no mínimo, a taxa de 14% ao ano a partir daí. Assim, caso alguma
instituição queira pegar dinheiro com o tesouro, pagará a taxa de 14% ao ano.
Caso algum banco queira emprestar dinheiro a seus
clientes, sabendo que o dinheiro poderá ser financiado com o tesouro à taxa
SELIC, deverá, como regra, cobrar juros superiores à SELIC para obter lucro.
O mercado (eu, você, outras empresas, outros
bancos, etc.), sabendo que podem pegar o dinheiro emprestado com o tesouro
nacional à taxa SELIC, exigirão da empresa ou da instituição financeira uma
taxa superior para o empréstimo mais arriscado.
Continuando essa digressão sobre a macroeconomia,
existe uma ligação teórica entre a taxa SELIC e a inflação (e o crescimento) de
um país.
Altas taxas SELIC acabarão por desaquecer a
economia e frear a inflação.
Nas Taxas SELIC baixas, por sua vez, o cidadão deixa de investir (pois os investimentos já
não rendem tanto) e passa a consumir (à vista ou financiado) – movimentando a
economia e gerando a inflação.
Critérios de análise dos investimentos:
3 parâmetros básicos: 1) Risco; 2) Prazo e
liquidez; 3) Rentabilidade.
Capítulo 3:
Conhecendo os produtos financeiros
Capítulo 3.1. Investimentos em
renda fixa:
Os investimentos em renda fixa são aqueles em que,
desde o momento da contratação, o investidor sabe qual será a remuneração de
seu investimento.
Os investimentos de renda fixa pré-fixados são
aqueles que, no momento da aquisição do produto o investidor saberá qual a taxa
de juros aplicável ao empréstimo até seu vencimento. Portanto, um CDB que paga
uma taxa de 10% ao ano e tem prazo de 3 anos é pré-fixado.
Os investimentos de renda fixa pós-fixados são
aqueles que têm sua remuneração atrelada a determinado índice que irá variar no
decorrer do empréstimo.
Os dois principais índices utilizados nos
investimentos pós-fixados são a taxa SELIC (e a taxa CDI – que são muito
próximas) e índices que medem a inflação (ex. IPCA, IGPM, etc.).
O Fundo Garantidor de Crédito (FGC):
O FGC é uma entidade privada, sem fins lucrativos,
que visa a garantir créditos (investimentos) de instituições a ele associadas
quando há intervenção, liquidação extrajudicial ou insolvência.
O fundo irá garantir, por instituição financeira
(ou conglomerado) e por CPF (ou CNPJ), a quantia máxima de R$250.000,00 (aí
incluídos todos os juros e ganhos do investimento) com uma contribuição fixa de
0,0125% ao mês (retirada da rentabilidade do investimento). O que é
garantido pelo FGC (dentro do limite de R$250.000,00 por instituição e por
CPF)? - Valores em conta corrente e poupança; - Depósitos a prazo (CDBs); -
Letras de Câmbio (LCs); - Letras Imobiliárias (LIs) e Letras de Crédito
Imobiliário (LCIs); - Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs); - Letras
Hipotecárias (LHs); O que não é garantido pelo FGC? - Valores superiores
a R$250.000,00 por instituição financeira e por CPF (ainda que em produtos
diferentes); - Correção de valores desde a intervenção do Banco Central ao
efetivo pagamento do FGC; - Fundos de Investimentos; - Debêntures; -
Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs); - Certificados de Recebíveis
Imobiliários (CRIs); - Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs); - Letras
Financeiras (LFs); - Tesouro Direto.
Produtos Financeiros De Renda Fixa: Produtos
em que você empresta dinheiro ao Tesouro Nacional: Tesouro
Direto:
O investimento em tesouro direto significa a compra
de títulos públicos do governo federal diretamente pelo cidadão. Em bom
português, significa que você empresta seu dinheiro ao tesouro nacional por um
determinado prazo fixo e por uma taxa de juros já combinada que poderá ser
prefixada (tesouro prefixado), atrelada à inflação (tesouro IPCA), ou atrelada
à taxa selic (tesouro selic).
Outra característica muito interessante dos títulos
do tesouro direto é a sua liquidez diária. Você pode vender seus títulos todos
os dias e o dinheiro já estará na sua conta no dia seguinte – perfazendo-se uma
excelente opção para alocação das reservas de emergência – notadamente os
títulos atrelados à selic (Tesouro Selic – mais abaixo falaremos
especificamente sobre cada papel).
Cabe assinalar, porém, que a alta rentabilidade
pode ser prejudicada pelas altas taxas que o agente de custódia pode cobrar.
Assim, torna-se necessário que o investidor pesquise, entre os agentes de
custódia (http://www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto-instituicoes-financeiras-habilitadas),
qual deles é o mais interessante para seu perfil.
São, basicamente, 3 tipos de títulos oferecidos
pelo tesouro nacional:
·
Títulos prefixados: são aqueles que já oferecem,
no momento da compra, a taxa fixa que será paga até o vencimento. Por exemplo,
caso você adquira o título “tesouro prefixado 2023”
·
Títulos pós-fixados atrelados ao IPCA: esses
títulos, chamados “Tesouro IPCA+”, pagam uma taxa fixa (como se fossem os
prefixados), mais a variação do IPCA do período. Se você, por exemplo, adquirir
o papel “Tesouro IPCA+2024”, está contratando, com o tesouro nacional, um
empréstimo de seu dinheiro que renderá, no momento em que escrevo esse trecho,
a variação do IPCA (índice de inflação oficial brasileiro), mais 6,21%a.a até a
data do vencimento (nesse caso, 15/08/2024).
·
Títulos pós-fixados atrelados à taxa SELIC: os
títulos “Tesouro Selic” rendem exatamente a variação da taxa selic do período
que você contratou.
Os títulos “prefixados” e “IPCA+” podem vir ou não
com juros semestrais (você escolherá se deseja ou não que, a todo semestre, o
tesouro te pague os rendimentos do período).
Sugiro sempre que você não deixe de reinvestir
qualquer fruto de suas aplicações (juros, dividendos, juros sobre capital
próprio, aluguéis, etc.) – e, no caso do tesouro direto, dê sempre preferência
aos títulos sem os juros semestrais.
Algumas regrinhas de ouro:
1. Prefira
os títulos vinculados à inflação (IPCA+) pois somente eles garantem um
rendimento real (além da inflação);
2. Somente
compre os títulos prefixados ou vinculados à inflação se você tiver a convicção
de que poderá levá-los até o vencimento sem sua venda antecipada (que pode
gerar prejuízos).
3. Faça
uma reserva de emergência robusta com títulos do tesouro selic (e não com
produtos bancários comerciais ou com a poupança).
Sou um fã do tesouro direto pela conjunção dos três
fatores de análise dos investimentos: baixo risco, alta liquidez e alta
rentabilidade.
A tributação dos títulos do tesouro direto segue a
regra padrão dos produtos de renda fixa: De 0 a 180 dias de aplicação – imposto
de renda de 22,5% sobre o lucro; De 181 a 360 dias de aplicação – imposto de
renda de 20% sobre o lucro; De 361 a 720 dias de aplicação – imposto de renda
de 17,5% sobre o lucro e Acima de 720 dias de aplicação – imposto de renda de
15% sobre o lucro.
Uma dica importante para o investidor inteligente é
que sempre procure fazer suas aplicações por um prazo de, no mínimo, dois anos.
Produtos em que você empresta dinheiro a bancos:
2. CDBs: Saia do lugar comum: CDB não é só o do seu
banco comercial! CDBs são os certificados de depósitos bancários. Os
bancos emitem esse certificados ao pegar o seu dinheiro emprestado para
utilizar em seu negócio (emprestar o dinheiro para outros por juros maiores).
Os grandes bancos comerciais, mesmo sem uma
vantagem de risco (já que todos CDBs são protegidos pelo FGC), pagam taxas
muito baixas confiando que seu cliente terá preguiça de pesquisar outros CDBs
do mercado.
Assim, antes de fechar seu CDB com seu banco de
relacionamento, confira outras opções.
Outro fator que afeta diretamente a rentabilidade
paga é a liquidez. Produtos de liquidez mais baixa (por exemplo, que não podem
ser retirados até seu vencimento em 2 anos ou mais) tendem a oferecer uma
rentabilidade muito maior do que aqueles de liquidez diária.
3. LCIs e LCAs LCIs são as letras de crédito
imobiliário e LCAs as letras de crédito agrícola. Nesses instrumentos, você
empresta seu dinheiro ao banco que irá emprestá-lo, a taxas maiores, para o
mercado imobiliário (com garantias de bens imóveis dos tomadores dos
empréstimos) ou do agronegócio.
Não há pagamento de imposto de renda para
investimentos de pessoas físicas.
Produtos em que você empresta dinheiro a empresas:
Esses produtos NÃO têm a proteção do FGC.
1. Debêntures:
Debênture é um título emitido por uma empresa à
qual você empresta seu dinheiro mediante o pagamento de juros prefixados ou
pós-fixados (aí podem ser atrelados ao CDI ou à inflação – normalmente ao
IPCA). A garantia do pagamento do empréstimo normalmente é “apenas” a
boa saúde financeira e operacional da empresa, não havendo a garantia do FGC,
motivo pelo qual vale a pena conferir os balanços dos últimos 10 anos da
companhia.
Normalmente as debêntures pagam taxas superiores ao
tesouro direto, CDB e às LCIs e LCAs justamente por este risco maior. Caso a
empresa peça recuperação judicial ou falência, você poderá ficar a ver navios e
perder todo o valor aplicado (atenção! Isso é mais comum do que parece!).
2. CRIs e CRAs: Os CRIs (Certificados de
Recebíveis Imobiliários) e os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio)
são dívidas das empresas (e não dos bancos) com garantia (imobiliária ou de
recebíveis do agronegócio) especial.
Os pontos positivos interessantes dos produtos são
a isenção de imposto de renda no investimento da pessoa física e as altas
rentabilidades que estão associadas a esse risco maior.
O lado negativo dos produtos, além da falta de
garantia do FGC, é que a liquidez mostra-se normalmente restrita (dependendo do
mercado secundário para a venda do título antes do vencimento). Além disso, o
valor inicial de aplicação é geralmente alto – o que impede o acesso do pequeno
investidor (usualmente acima de R$300.000,00).
Capítulo 3.2. Produtos
financeiros de renda variável:
Nossa abordagem não é especulativa, mas embasada no
valor do ativo que se compra em renda variável (e mesmo na renda fixa). Assim,
tudo o que falaremos aqui visará não ao enriquecimento fácil e imediato do
investidor amador, mas à lenta, gradual e segura acumulação de patrimônio ao
longo de décadas.
1. Ações:
As ações são literalmente “partes” das companhias
negociadas em bolsa. Assim, ao adquirir uma ação de uma empresa, você está
comprando parte do negócio.
Para se comprar ações, existem certos parâmetros de
análise que devem ser verificados. Seriam eles:
- O setor e ramo do negócio (o setor é
interessante? A concorrência é predatória?);
- A história da empresa (trata-se de uma empresa
sólida? É líder do setor? Está bem colocada no setor? Tem algum diferencial?);
- A saúde financeira e operacional da empresa (a
empresa dá lucros sistematicamente? A receita vem aumentando? As margens entre
a receita e o lucro são boas e crescentes? A empresa tem muitas dívidas?);
- Quais são as perspectivas futuras da empresa?
Essa análise deve ser feita necessariamente no
mínimo uma vez por ano (se possível a cada trimestre) com base,
primordialmente, nos balanços trimestrais (ou no balanço anual) da empresa.
A estratégia de comprar empresas com base em seus
fundamentos de balaço contábil é chamada de análise fundamentalista.
Os indicadores mais comuns na análise dos balanços
das companhias são:
·
ROE: (Return on equity ou retorno sobre o
patrimônio) = Lucro Líquido/ (dividido pelo) Patrimônio Líquido. Também
conhecido como rentabilidade do capital próprio ou lucratividade, mede o
retorno que o capital dos acionistas está dando em termos percentuais. Assim,
pode-se comparar com os demais investimentos disponíveis no mercado.
·
LPA (Lucro por ação) = Lucro liquido/ número de
ações.
·
P/L (ou payback) = Preço da ação/ Lucro líquido
por ação. Este indicador é dado em anos e mostra em quanto tempo o preço que se
pagou pela ação será revertido ao investidor sob a forma de lucros. Se o PL é
de 8, significa que, pelos resultados atuais, em 8 anos, a empresa gerará
lucros suficientes para cobrir o valor pago hoje pela ação.
·
VPA (Valor patrimonial por ação) = Patrimônio da
empresa (ou valor contábil da empresa)/ número de ações. Quanto a ação deveria
custar se só levássemos em conta os ativos e passivos e o número de ações.
·
P/VPA: relação entre o preço de mercado da ação
e o valor patrimonial da ação. Indica a relação entre o valor de mercado da
ação e o patrimônio real da empresa.
·
·
Market Cap = P x número de ações. É o valor de
mercado da empresa considerado o preço atual de suas ações.
·
DPA = dividendos distribuídos/ número de ações.
É o valor em reais que cada ação pagou nos últimos 12 meses aos donos das
respectivas ações.
Esses pagamentos são chamados de dividendos e caem
diretamente na conta da corretora de valores do investidor. São isentos de
imposto de renda. Outro pagamento feito pelas ações diretamente na conta da
corretora do investidor são os chamados Juros sobre capital próprio (JCP). Os
JCP são exatamente como os dividendos: uma forma de distribuição dos lucros aos
acionistas. Entretanto, enquanto nos dividendos a empresa paga os tributos
sobre o lucro e depois distribui aos acionistas, nos JCP a empresa contabiliza
essa distribuição como despesas financeiras e transfere ao investidor o ônus do
pagamento do tributo.
- Payout = DPA/LPA. É o percentual dos lucros que
são revertidos aos acionistas como dividendos ou Juros sobre o capital próprio
(JCP). Se uma empresa tem um payout de 30%, isso significa que 30% dos lucros
são revertidos aos acionistas na forma de divide
- Dividend Yield = dividendos dos últimos 12
meses/preço da ação. É medido em percentual. Refere-se ao percentual do preço
da ação que retorna ao investidor como dividendos em um ano. Caso o dividend
yield de uma ação seja de 5%, isso significa que, quem
- Margem líquida = Lucro líquido/ Receita líquida.
É o percentual das receitas que se transformaram em lucros. Se uma empresa tem
uma margem de 20%, isso significa que, a cada real que ela vendeu, 20 centavos
se transformam em lucros. - Patrimônio líqui
Da mesma forma que foi dito que o lucro é o
parâmetro mais importante para o pequeno investidor, o segundo conceito mais
importante para se identificar boas empresas reside na quantidade de
endividamento da companhia.
Empresas com grande e crescente endividamento devem
ser evitadas.
EBIT (Earnings before interest and taxes – ganhos
antes do pagamento de juros e impostos) e EBITDA (earnings before interest,
taxes, depreciation, and amortization – ganhos antes do pagamento de juros,
impostos, depreciação e amortização): esses indicadores informam o “lucro
operacional” da empresa antes do pagamento de juros, impostos, depreciação de
seu ativo e amortizações de dívidas. Em breves palavras, indicam como a empresa
está gerindo suas operações.
Governança corporativa: é a forma como a empresa é
gerida. Para o investidor amador, significa o respeito ao acionista minoritário
em relação às decisões da companhia. Entre os atos de governança corporativa
que o investidor amador deve se atentar, estão a divulgação de balanços
auditados em que as informações estejam claras e diretamente explicadas, a
remuneração adequada de executivos e diretores, presença de “tag along” nas
ações (veja abaixo a explicação), o costume de a empresa divulgar imediatamente
ao público qualquer fato relevante, etc. Enfim, a governança corporativa indica
o grau de transparência e ética de tratamento dos acionistas minoritário. Nesse
sentido, a BM&FBOVESPA criou uma classificação das companhias em níveis de
governança, sendo que seu maior nível é o “Novo Mercado”.
Nesse nível de governança (Nível “Novo Mercado”), a
Bolsa exige que a empresa cumpra certas condições especiais, como a existência
apenas de ações ordinárias (ON – com direito a voto) e com “tag along” (que
significa que, no caso da venda do controle da empresa, todos os acionistas têm
o direito de vender suas ações pelo preço recebido pelo anterior controlador);
free float de, no mínimo, 25%; divulgação transparente e auditada dos balanços;
publicidade das informações relevantes e composição do conselho de
administração com participação de conselheiros independentes e com mandato de 2
anos.
Cada empresa listada em bolsa possui um código de 4
letras e um número.
Após as 4 letras, há um número que indica, no caso
das ações (não trataremos aqui a respeito de opções, direitos de subscrições,
etc.), se se trata de uma ação ordinária (numeral 3 – ON – ordinária
nominativa) ou preferencial (4 – PN – preferencial nominativa).
Como investidor amador só compre ações ON (3). O
fato de ser um minoritário na empresa já te coloca em uma situação fragilizada.
Não aumente essa vulnerabilidade comprando ações PN (4).
Na prática a distribuição dos dividendos é muito
similar nas ações preferenciais e ordinárias. Além disso, quando há o pagamento
de dividendos, a ação se desvaloriza na mesma quantia, não havendo uma
verdadeira vantagem. Logo, se a ação ITUB4 paga R$1,00 de dividendos em
determinado dia e estava cotada a R$23,00, no dia seguinte ela abrirá o pregão
valendo R$22,00.
Em minha opinião, ao contrário das justificativas
apontadas, o investidor iniciante em ações deve começar com compras (não mais
do que 2 por mês) de, no máximo, R$500,00 por, no mínimo, 3 meses.
Seu objetivo não deve ser acompanhar as cotações, e
sim os resultados trimestrais dos balanços das empresas.
No mercado fracionário, diferentemente do que
ocorre com o mercado padrão, pode-se comprar e vender qualquer número de ações
– sendo que a única diferença é que o número de negócios fracionários no dia
costuma ser menor.
A análise técnica, por sua vez, parte do
pressuposto de que os operadores do mercado financeiro e as equipes executivas
das empresas listadas – por experiência, conhecimento ou mesmo por informações
privilegiadas (nunca se sabe ao certo) – sempre farão movimentos de antecipação
ao restante do mercado para auferir maiores lucros.
A metodologia de aplicação em ações que entendemos
mais adequada parte, como falamos, da análise fundamentalista. Além disso, ela
consiste em comprar apenas ações de empresas que já demonstraram durante muito
tempo sua excelência operacional, financeira e com respeito aos acionistas
minoritários (governança corporativa – veja o que já falamos acima). Nesse
sentido, em nossa abordagem não se permite a compra de empresas como apostas em
mercados novos, empresas ruins que se tornarão boas (as chamadas
“turnarounds”), empresas que estão abrindo o capital na bolsa de valores (os
chamados IPOs – do inglês Initial Public Offering) e, principalmente, conselhos
de amigos, vizinhos, parentes e o pior, da mídia financeira.
O investidor amador deve escolher, inicialmente,
aproximadamente 20 ações, em setores diversos da economia
Dessas 20 empresas, deve-se fazer um plano de
investimento em, no mínimo, 10 delas de diferentes setores. Esse plano deve contemplar
ao menos uma compra mensal por um ano.
À medida que o investidor for se acostumando ao
mercado de ações e à sua volatilidade, sugere-se aumentar o número de empresas
como forma de se diluir o risco. Como escolher boas empresas?
Na página da internet de cada empresa selecionada e
na própria página da BM&FBovespa (http://www.bmfbovespa.com.br) são
disponibilizados todos os balanços necessários para a análise das empresas de
forma fácil e direta.
Nunca o investidor amador deve confundir a presente
estratégia, chamada no meio financeiro de “Buy and Hold” (compre a ação e
permaneça com ela), com a estratégia “Buy and Forget” (o investidor compra a
ação e nunca mais estuda o desempenho da empresa, “torcendo” que ela irá se
valorizar).
Com o estudo periódico das ações, pode-se perceber
se uma empresa que era muito boa passou a ser ruim. Nesse caso, deve o
investidor amador vender suas ações e realocar o patrimônio em algo que tenha
valor.
2. ETFs: Os ETFs (Exchange Traded Funds) são
fundos de renda variável comercializados na bolsa de valores como se fossem
ações. Os ETFs visam a aplicar o dinheiro do investidor de forma a obter os
mesmos resultados de um índice qualquer que se propõe a seguir.
Como pontos positivos dos ETFs, podemos citar que
se trata de uma forma de diversificação para sair do sistema financeiro e
mitigar os riscos de quebra generalizada do sistema bancário, vez que,
comprando o ETF o investidor coloca seu dinheiro no setor produtivo. Outra
vantagem é que, com uma única compra tem-se acesso a várias empresas. Caso essa
operação fosse feita diretamente com a compra de ações, em cada operação se
pagaria uma corretagem.
Além disso, comparados com outros fundos de ações
(por exemplo, com os fundos de ações dos bancos comerciais), as taxas de
administração são substancialmente menores, eis que, nos bancos, as taxas
variam de 1% a 5% a.a., enquanto nos ETFs costumam variar de 0,059% (PIBB11) a
0,69%a.a. (SMAL11).
Os pontos negativos dos ETFs são aqueles próprios
da renda variável (risco e volatilidade), somados às particularidades do
produto. Em primeiro lugar, o principal ponto negativo dos ETFs refere-se ao
fato de que eles não possuem a isenção de imposto de renda das vendas de ações
mensais até R$20.000,00 para pessoas físicas.
Outra grande desvantagem, em nossa ótica, é a
impossibilidade da escolha e constante avaliação do que seriam as “boas”
empresas para emprestar seu dinheiro.
3. FIIs: Os Fundos de Investimento
Imobiliários (FIIs) são fundos que visam angariar recursos para a aplicação em
empreendimentos imobiliários (compra de imóveis, construção e locação e mesmo
operações financeiras com fundo imobiliário). O fundo é dividido em cotas e
estas podem ser comercializadas na bolsa de valores do mesmo modo que as ações
(inclusive pelo Home Broker).
Apesar do produto oferecer uma garantia superior
(por haver um lastro remoto em um imóvel), não podemos afirmar que seja um
investimento direto em imóveis. Entretanto, feita essa primeira
observação, podemos dizer que os traços dos FIIs são assemelháveis e
comparáveis com os investimentos em imóveis. Quando se adquire uma cota de um
FII, espera-se, além da valorização da cota (que seria comparável à valorização
do imóvel físico), o recebimento de rendimentos oriundos do imóvel (que seriam
os aluguéis dos imóveis). Essa é uma primeira e grande vantagem dos FIIs: o
pagamento mensal de um rendimento – o que, no longo prazo, pode gerar um fluxo
positivo para a manutenção do investidor. Além do rendimento mensal,
importante sublinhar que esses rendimentos possuem isenção de imposto de renda.
A isenção de imposto de renda refere-se aos
rendimentos mensais dos fundos, e não ao ganho de capital oriundo da venda das
cotas com lucro. Não se aplica aqui, também, a isenção de imposto de renda na
venda mensal de até R$20.000,00 em ações.
Os fundos normalmente investem em várias frentes
(ex. vários locais, vários inquilinos, etc.), o que reduz os riscos
característicos dos imóveis (vacância, perda de valor, depredação, etc.).
Na página da BM&FBovespa
(http://www.bmfbovespa.com.br), há uma listagem dos fundos existentes em bolsa
e os informes das corretoras de valores e de sites especializados que podem
fornecer um material inicial para o estudo dos fundos candidatos a receber seu
dinheiro.
Capítulo 3.3. Outros produtos
financeiros: 1. PGBL e VGBL:
O PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres) e o
VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres) consistem em produtos em que você irá
emprestar seu dinheiro a uma entidade seguradora ou de previdência complementar
por certo tempo (chamado de período de diferimento) para que, após o vencimento
do plano, receba uma renda mensal (que pode ser vitalícia ou por tempo
determinado) ou um pagamento único. Em ambos os casos, o imposto de
renda incide apenas no momento do resgate, não havendo o famigerado
“come-cotas” (cobrança de imposto de renda semestral que ocorre nos fundos de
investimentos e que diminui substancialmente a rentabilidade no longo prazo). A
diferença, entretanto, é que, no PGBL a tributação se dá sobre o valor total
investido, enquanto no VGBL o imposto é cobrado apenas sobre os rendimentos.
Fundos de Investimentos: Em poucas palavras,
investir em fundos de investimentos implica em contratar alguém para gerenciar
seu patrimônio e aplicar nos mesmos produtos expostos nesse livro.
Os fundos de investimentos só são vantajosos para
os gestores dos fundos. Nossa recomendação é, portanto, não se utilizar dos
fundos de investimentos
5. Imóveis:
Assim, sugerimos ao leitor que apenas adquira um
imóvel para residir nele – e nunca como forma de investimento. Além disso,
somente faça isso para adquirir o apartamento definitivo – já que, em cada
“troca” de apartamento, aproximadamente 10% de seu valor será gasto nos
intermediários (impostos, cartório, corretor, reforma, mobiliário, etc.). Logo,
em um momento inicial da vida, principalmente para recém casados (que não
deviam começar o desafio da vida a dois – que, diga-se de passagem, é extremamente
demandante e difícil – somando um outro fator de estresse consubstanciado no
financiamento imobiliário), creio que o ideal seja alugar um local barato e
aproveitar para acumular um patrimônio significativo em pouco tempo.
Capítulo 4:
Método de Acumulação de Patrimônio
Por causa das incertezas do futuro, o investidor
não pode colocar todos os seus ovos na mesma cesta, seja na cesta de títulos
[renda fixa] (...), seja em uma cesta de ações (...). O maior dos riscos seria
o de manter uma carteira composta exclusivamente de títulos. (p.79)
Somos então levados a propor para a maioria de nossos leitores o que pode
parecer uma fórmula exageradamente simplificada de uma divisão meio a meio.
Segundo esse plano, a orientação geral é manter, tão perto quanto possível da
prática, uma divisão igualitária entre títulos e ações. Quando as mudanças no
nível de mercado tiverem aumentado o componente de ações ordinárias para,
digamos, 55%, o equilíbrio seria restaurado pela venda de um undécimo da
carteira de ações e a transferência da receita auferida para os títulos.
Inversamente, uma queda na proporção de ações para 45% implicaria o uso de um
undécimo do fundo de títulos para adquirir ações adicionais. (p.113)
O importante, ao se analisar as palavras de
Benjamin Grahan, é verificar que ele propõe um método que seja automático ao
investidor amador para que, assim, ele não fique sujeito aos aspectos
psicológicos dos investimentos e, dessa forma, acabe por realizar uma decisão
não objetiva.
Quando o mercado de ações subisse muito (forte alta
na bolsa), o investidor perceberia que estaria com 55% em ações e 45% de seu
patrimônio em renda fixa. Deveria, aí, vender as ações (que estariam em alta) e
comprar mais títulos de renda fixa (que estariam em baixa) – mantendo a carteira
em 50% com cada classe de produtos.
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