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27.7.06

PALHARES, Sérgio. Variantes de modificação em habitação popular.

Resumo
O trabalho investiga as modificações feitas pelos moradores em habitações de baixa renda e quer descobrir a origem dos problemas desses espaços.

Primeiro é feita uma contextualização política e econômica e depois se faz uma análise das Variantes de Modificação. Procura-se saber o que foi modificado e a qualidade do espaço originado pela modificação.

Conclui-se que as modificações resolvem o problema dos moradores e que devem ser revistos a postura do arquiteto e as diretrizes da política habitacional.

Introdução
Insatisfação dos moradores de baixa renda gera a necessidade de avaliação da qualidade das suas habitações.
Fatores econômicos são responsáveis pela falta de qualidade dos espaços, obrigando o morador a reformar de acordo com suas necessidades.
Perguntas:
Como o uso do espaço afeta as habitações?
Como a habitação afeta o uso do espaço?
Qual a lógica da tecnologia utilizada pelos usuários para reformar?
Qual foi a lógica da tecnologia especificada em projeto?

A postura acrítica do arquiteto e a política habitacional são responsáveis pela deficiência do projeto.

A formação dos assentamentos habitacionais
Revolução industrial: casas em fita produzidas por empreendedores, gerando grandes conflitos de interesse entre estes e os moradores que vinham do campo.
Começam a surgir primeiras propostas críticas no início do séc XX. Produção em série ou produção individualizada?
Gropius levanta a questão do perigo da padronização demasiadamente rígida.
Corbusier e o Modulór: casa como máquina perfeita para um homem com medidas e proporções programadas.
Pós-guerra: valorização da subjetividade. O homem deixa de ser o Modulór e passa a ter sua individualidade.
A ONU cria um conjunto de princípios e metas para a produção dos assentamentos habitacionais.
Moradia com molde burguês, dividida em três partes: serviço, social e íntima.

Produção contemporânea: em países ricos, uso de novas tecnologias barateia a obra, possibilitando a construção de espaços mais generosos. Em países pobres, esse dinheiro economizado é usado para a construção de maior quantidade de moradias.

Na produção nacional, leva-se mais em conta a imagem do edifício do que as espacializações internas. Interesses políticos e econômicos determinam prazos de execução pequenos e inviabilizam a possibilidade de uma maior investigação para a concepção dos projetos.
O arquiteto passa a ser um mero implantador de tipologias pré-estabelecidas visando apenas o melhor aproveitamento econômico possível.

Deve ser pensada uma nova postura. As famílias que vão morar nesse edifícios estão configuradas de modo cada vez mais variado. Configurações familiares diferentes precisam de moradias diferentes.

Modificar a habitação é atitude própria da natureza humana. A modificação dá liberdade ao morador e possibilita a melhoria de sua qualidade de vida, e, portanto, não deve ser vista como algo negativo.

Conclusões
As diretrizes da Política Habitacional, os pressupostos do arquiteto, os interesses político econômicos e a demanda diferenciada de usos por parte dos moradores são as principais responsáveis pela necessidade de modificações nos edifícios construídos.

Menos de 1% das edificações não conseguiram resolver os problemas ou pelo menos melhorar as condições da moradia de acordo com sua demanda através de reformas, o que sugere uma nova postura do arquiteto diante das questões destas reformas. O arquiteto deveria dar maior grau de liberdade, facilitando ao morador adaptar sua casa às suas necessidades.

A reprodução de modelos, pela Secretaria de Habitação, deve ser repensada, uma vez que cada família possui necessidades diferentes umas das outras. Os beneficiários não participam das definições. As decisões são tomadas pelo poder público, que beneficia a quantidade em detrimento da qualidade. Busca-se construir o maior número possível de habitações, o que acaba gerando a baixa qualidade dos espaços e o não atendimento às necessidades do morador.

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